Covid-19: pós-pandemia pode ser chance de salvar o planeta 522

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Impossível fugir, o assunto da vez é mesmo o coronavírus! Afinal, estamos em meio a uma pandemia histórica que, infelizmente, vai se juntar aos anais de outros dois surtos epidêmicos tragicamente vivenciados pela humanidade: a peste negra (peste bubônica), que dizimou quase 1/3 da população europeia entre os anos 1347 e 1351; e a gripe espanhola, que infectou cerca de ¼ da população mundial e matou entre 50 a 100 milhões de pessoas ao redor do globo de 1918 a 1920.

Mas voltemos ao ano de 2020 e aos noticiários atuais, que relatam quase que em tempo integral e em ritmo frenético, por vezes histérico, como a Covid-19 vem levando governantes dos quatro cantos do globo a decretarem quarentena e medidas de isolamento social para combater a disseminação do novo coronavírus.

Muito se fala sobre os reflexos que a pandemia vem gerando – e ainda vai gerar – nos âmbitos da saúde pública. Até mesmo porque, sem meias palavras, milhares de pessoas estão morrendo diariamente ao redor do mundo em decorrência da Covid-19.

E o alarde se justifica. Porque mais do que ser uma doença de altíssimo potencial mortal que não escolhe gênero, raça e classe social, o coronavírus é exigente quando o assunto é tratamento médico e prevenção.

São tantos os cuidados e equipamentos necessários para evitar óbitos e o contágio em massa que, em virtude da dificuldade em atender tais exigências, já vemos inúmeros países decretando colapso em seus sistemas de saúde.

Por tabela, a economia global ganha igual destaque com tom caótico nos debates diários dos tabloides, rádios e telejornais. Isso porque famílias inteiras estão sentindo na pele os reflexos monetários decorrentes das regras de isolamento que, entre outras privações, incluem o cessamento total ou parcial das atividades de grande parte das lojas, indústrias e empresas.

E assim somos postos frente a um grande dilema: salvar vidas ou salvar empregos e CNPJs? Ou, em outros termos, priorizar as medidas sanitárias de distanciamento social tanto pregadas por médicos e especialistas, ou ignorar os apelos restritivos e enfrentar as consequências de uma monstruosa recessão econômica?

Indubitável é o fato de que em tempos de coronavírus, os tópicos saúde e economia caminham juntos e, como tal, merecem igual e especial atenção. Porém, pouco se aborda ou escuta sobre a relação “Covid-19 x meio ambiente”.

Alguns veículos de comunicação até tentam fazer apontamentos e demonstrar parâmetros acerca do assunto, mas os olhos e ouvidos da grande maioria ainda estão atentos tão somente aos temas anteriormente citados.

Mas, afinal, que notícia acerca de questões ambientais seria tão importante em meio a um cenário em que milhares de vidas e empregos estão sendo perdidos dia após dia, desde o final do ano passado?

Bem, realmente não se trata de uma notícia no sentido estrito do termo. Melhor caberia dizer que temos uma mensagem positiva que pode ser observada e tirada de todo o caos. E que, se entendida, pode significar a salvação do planeta Terra!

Meio ambiente pós-coronavírus

Com a paralisação forçada de grande parte das atividades industriais e produtivas em razão da pandemia, a camada de ozônio está se recuperando em ritmo mais acelerado do que já vinha ocorrendo desde 1987, quando da assinatura do Protocolo de Montreal.

Na ocasião, o tratado internacional – que atualmente apresenta adoção universal, com 197 países signatários e ainda está em vigência – passou a regular a produção e o consumo de gases destruidores da camada de ozônio que eram indiscriminadamente usados em geladeiras, aerossóis e outros processos industriais. A principal meta do acordo é acabar com o uso de 15 tipos de CFC que são fontes de destruição do O3.

Primeiro país a ter casos de Covid-19, a China, por exemplo, vem observando um declínio relevante nos níveis de poluição desde o início deste ano, por conta da desaceleração econômica provocada pelo vírus. É o que apontam imagens de satélites divulgadas no início deste mês pela NASA, agência espacial dos Estados Unidos, confirmadas por estimativa do site Carbon Brief, que relata queda de 25% nas emissões de gases poluentes.

Já na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, estudo feito por pesquisadores da Universidade Columbia apontam que na tentativa de conter o coronavírus, a poluição local caiu pela metade no mesmo período, segundo relataram à rede britânica BBC.

Panorama similar visto no Brasil, mais precisamente em São Paulo, segundo registros da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Com a quarentena estabelecida no estado e com a consequente diminuição das atividades econômicas e circulação de veículos, a Cetesb tem registrado boa qualidade do ar em todas as 29 estações de monitoramento.

Fato é que a desaceleração da economia trazida pela pandemia está fazendo regredir rapidamente a concentração de substâncias poluentes na atmosfera e, por conseguinte, os índices de poluição do ar em várias áreas do globo terrestre. Assim, a melhora na qualidade de vida tem sido um efeito colateral positivo do Covid-19 em meio a tantas notícias ruins.

Urgência de novas políticas públicas ambientais

Se por um lado a ciência demonstra efusivamente que o isolamento social é o melhor remédio para conter a pandemia do coronavírus, por outro lado fatos escancaram que uma nova dinâmica na produção de bens e serviços pode ser a solução para que conquistemos resultados duradouros para o bem do planeta e, claro, da humanidade.

E aí entra a necessidade latente de investimentos em políticas públicas ambientais e de mobilidade, para controle das emissões de gases poluentes tão logo a crise passe. Caso contrário, a situação voltar ao que era antes da pandemia é quase que certa.

Isso porque com a recessão batendo à porta até mesmo das grandes potências, governos mundo afora estarão mais do que nunca afoitos para retomar de forma acelerada – e possivelmente danosa – suas práticas produtivas. Por tabela, os ganhos ambientais estarão seriamente ameaçados em prol da recuperação da economia.

Por isso, quando da retomada das atividades econômicas finda a pandemia, boas escolhas devem andar junto com a adoção de processos “mais verdes” por parte das indústrias, como o investimento em combustíveis limpos (biocombustíveis) e a redução no uso de combustíveis fósseis. Isso sem falar no comportamento da comunidade como um todo, que precisa retomar seus hábitos de consumo e de mobilidade também de modo mais consciente.

A escolha de qual caminho seguir pós-pandemia, com recessão ou sem, não se mostra tão impossível. E quando parecer árdua e onerosa, basta voltarmos nossa atenção para o fato que a camada de ozônio atua como um escudo na estratosfera da Terra, de modo a absorver a maior parte da radiação ultravioleta que chega do Sol. Sem ela, seria inviável a sobrevivência no planeta!

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