Brasil lidera ranking de desmatamento mundial 713

Desmatamento-de-florestas-tropicais

No calendário oficial de eventos que são mundialmente celebrados, o dia de hoje (05/06) representa o Dia Mundial do Meio Ambiente. Obviamente, gostaríamos de comemorar a data retratando no presente artigo boas notícias, como “projetos de reflorestamento aumentam”; “áreas de proteção ambiental ganham legislação eficiente”; “emissões de gases poluentes diminuem nos grandes centros”; “qualidade global do ar apresenta considerável melhora”; e por aí vai.

Mas, muito pelo contrário, uma realidade bastante diferente e desastrosa – e que não pode ser ignorada – foi revelada por pesquisadores que analisam e monitoram regiões florestais distribuídas por todo o globo terrestre: cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais desapareceram em 2018, o equivalente a 30 campos de futebol por minuto. E o Brasil, de modo lamentável, é um dos maiores responsáveis pela construção desse deplorável cenário ambiental.

O motivo? Publicado recentemente pelo Global Forest Watch (GFW), relatório atualizado pela Universidade estadunidense de Maryland e que visa mostrar o complexo retrato da destruição de áreas densas de florestas tropicais da Amazônia, América do Sul, África e Indonésia, creditou ao Brasil o desmatamento de 1,3 milhão de hectares de florestas, o que colocou o país na posição de maior devastador de árvores no ano passado.

Não, você não leu errado. O Brasil hoje lidera o ranking de desmatamento mundial, com ênfase para as florestas primárias. Ao lado da Indonésia, respondeu por 46% do desmatamento de florestas tropicais no mundo em 2018, de acordo com o GFW.

Amazônia Legal ameaçada

Sob os cuidados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) registrou número igualmente alarmante entre agosto de 2017 e julho de 2018, acerca do desflorestamento no Brasil – mais precisamente na região que engloba a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica.

No total, foram destruídos 790 mil hectares de mata, o equivalente a mais de cinco vezes o município de São Paulo. Considerado o pior resultado dos últimos 10 anos, o aumento da desarborização em relação aos 12 meses anteriores foi de 13,7%, e em grande parte se deu em decorrência de grilagem e exploração ilegal de madeira.

Área com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados que corresponde a 61% de todo o território brasileiro, além da Floresta Amazônica, a Amazônia Legal engloba algo em torno de 37% do Bioma Cerrado, 40% do Bioma Pantanal e pequenos trechos de formações vegetais variadas. Inclui, em sua totalidade, os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte significativa do Maranhão.

Caracterizada por habitar grande quantidade de espécies de fauna e flora nativas do Brasil, aproximadamente 2,1 milhões de quilômetros quadrados (43%) da região Amazônia Legal são ocupados por áreas protegidas. Destas, as Unidades de Conservação (UCs) correspondem a 22% do território amazônico, enquanto que as Terras Indígenas (TIs) representam 21%, levando-se em conta apenas áreas no continente e descontando-se sobreposições entre TIs e UCs.

Fato é que independentemente da porcentagem incidente de UCs e TIs, toda e qualquer floresta precisa ser protegida com o fim de manter conservados, ao máximo, seus elementos ecológicos, geológicos, históricos e culturais. Mas, infelizmente, números oficiais apontam que a proteção dos patrimônios naturais não acontece na prática.

Afinal, por que se preocupar tanto com florestas?

Voltemos ao relatório divulgado neste ano pelo Global Forest Watch, mais precisamente na parte que diz respeito à destruição das florestas primárias – como são chamadas as áreas verdes que nunca foram tocadas pelo homem ou que sofreram irrelevante intervenção e que, portanto, encontram-se em seu estado original.

Só em 2018, cerca de 3,6 milhões de hectares de florestas de mata virgem (também denominadas florestas em estágio clímax) foram devastados de acordo com o documento, o que equivale a toda Bélgica em metragem.

Dotadas de uma riquíssima biodiversidade e com ampla variabilidade de recursos naturais cuidadosamente “construídos” com o passar dos anos, as florestas primárias podem levar vários séculos para se formar. São essenciais não só para a manutenção de incontáveis espécies animais e vegetais, mas, também, da espécie humana.

Isso porque as árvores que compõem esse bioma e que chegam a ter centenas e até milhares de anos são altamente relevantes para o controle do aquecimento global, já que possuem elevado poder de absorção e armazenagem de dióxido de carbono, como destaca o relatório do GFW. Por isso a perda desenfreada de hectares de florestas em 2018 é tão preocupante.

Não é à toa que cada vez mais países e empresas vêm assumindo o compromisso de reduzir ou até mesmo eliminar o desmatamento de florestas tropicais primárias, por meio da adoção de políticas públicas e privadas voltadas para esse fim. E, ainda que nem todos estejam conseguindo avançar como gostariam – ou deveriam – nesse sentido, toda ação que envolve a proteção de florestas é válida e deve ser incentivada.

Afinal, é mais que urgente frear o desmatamento para evitar mudanças climáticas, minimizar catástrofes naturais e a perda irreversível da biodiversidade, antes que seja tarde demais.

Deixe uma resposta

Send this to a friend