
Vimos no artigo Poluição nos centros urbanos mata mais que guerras e chega a níveis críticos que, infelizmente, respirar tem sido uma tarefa bem mais complicada do que deveria ser. E perigosa! Principalmente para quem vive nas grandes cidades, já que com o aumento desenfreado do número de veículos automotores, indústrias (e suas chaminés) e outros fatores decorrentes da expansão das atividades econômicas, as cidades vêm se tornando cada dia mais cinzas e sufocantes.
Impossível negar que a modernidade trouxe – traz, e ainda trará – muitos benefícios à existência humana. Mas, na mesma proporção que facilidades e confortos se tornam tangíveis, é igualmente inegável que os índices de qualidade de vida são diariamente afetados pela série de impactos ambientais negativos que a evolução acarreta.
Entre os danos ao meio ambiente, a poluição atmosférica e a escassez de áreas verdes são, juntos, os mais lesivos, vez que levam à formação de chuva ácida, inversão térmica, efeito estufa e ilhas de calor. E, por conseguinte, a muitos problemas de saúde e mortes.
Seja em ambientes abertos ou fechados, a criticidade do ar que respiramos é tão alarmante que não é de hoje que estudos sobre o assunto vêm sendo realizados, em uma tentativa de reverter esse quadro.
Como exemplo, podemos citar uma pesquisa publicada no ano de 1991 na edição 25 da Revista de Saúde Pública, de autoria da Universidade de São Paulo (USP), com foco em uma epidemiologia ainda pouco conhecida: a Síndrome do Edifício Doente que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados.
Isso mesmo! Quase 30 anos se passaram desde então, e já naquela época foi dado um alerta vermelho para um problema que não deveria estar sendo ignorado, mas está. Estamos falando das condições respiratórias a que são submetidas pessoas que habitam ambientes “lacrados”, especialmente os prédios designados para uso comercial.
Entenda, a seguir, como esse cenário se fundamenta em explicações bastante plausíveis – e, lamentavelmente, justificáveis.
Toxidade do ar no ambiente de trabalho
Pela necessidade de serem hermeticamente fechadas, construções prediais fatalmente promovem condições ambientais (de temperatura e umidade) propícias para o desenvolvimento de inúmeras espécies de microrganismos, muitos deles nocivos à saúde.
Entretanto, evitar a incidência e proliferação dessas diminutas formas de vida é praticamente impossível, já que todos os dias incontáveis quantias de bactérias, vírus, fungos e ácaros penetram em larga escala nos edifícios por meio das roupas, cabelos e peles de seus ocupantes.
Para piorar a formação do ambiente hostil nesses locais, um estudo recente publicado no The Scientific Electronic Library Online (SciELO) apontou outro fator agravante. E igualmente inevitável: o ar que circula principalmente dentro de edifícios comerciais é repleto dos chamados VOCs, compostos orgânicos voláteis que são causadores de muitas doenças relatadas por trabalhadores dessas edificações. E a razão para isso é bastante simples.
Os VOCs compõem a formulação de uma grande variedade de itens, tais como produtos de limpeza, móveis compensados, tecidos sintéticos, aparelhos industriais de ar condicionado, toalhas de papel, tintas de impressão e de parede, vernizes, adesivos etc. Isso sem falar nos materiais à base de plástico, couro e borracha. Ou seja, elementos que fazem parte da rotina diária de toda e qualquer empresa.
Estão classificadas como as cinco principais substâncias tóxicas encontradas no ar e que são capazes de causar reações fisiológicas ruins aos seres humanos: a amônia; o benzeno; o formaldeído; o tricloroetileno e o xileno, comercialmente conhecido como xilol.
Entre os efeitos adversos que podem provocar estão danos ao sistema nervoso, fígado, rins e pulmões, sendo que grande parte das ocorrências se resumem a alergias; irritações nos olhos, nariz e garganta; episódios de tonturas e vertigens; sonolência; aumento da frequência cardíaca; indisposições e dores de cabeça.
Absenteísmo pode ser reduzido com plantas
Em resumo, não tem como escapar: tanto os microrganismos prejudiciais à saúde que integram o nicho ecológico dos edifícios quanto os VOCs sempre serão uma realidade no dia a dia dos escritórios e seus ocupantes.
Contudo, apesar de não haver uma fórmula única e simples para sanar tais problemas, dada a multicausalidade dos eventos que levam à baixa qualidade do ar em ambientes fechados, tornar esses locais mais salubres de modo a reduzir o absenteísmo – que nada mais é que a ausência de funcionários no ambiente de trabalho –, é, sim, totalmente viável.
Realizar a limpeza frequente e adequada dos dutos, filtros e aparelhos de ar condicionado que compõe os sistemas de ventilação é um bom começo, bem como observar a necessidade de troca desses equipamentos e respectivas peças. Fundamentais para a promoção de suprimento ideal de ar fresco e controle da temperatura interna, como tal devem receber a merecida atenção e fazer parte das despesas de manutenção.
Outra boa pedida é deixar a iluminação natural entrar ao máximo pelas janelas, além de investir em divisórias de vidro para facilitar a disseminação dos focos de luz. Isso porque um estudo global relatou que 81% das pessoas que trabalham em áreas naturalmente iluminadas adquirem mais resistência e, por conseguinte, apresentam rendimento maior durante o expediente.
Por fim, uma forma extremamente eficiente para melhorar a qualidade de vida em edifícios é apostar na criação de espaços verdes, como varandas (quando possível). E em vasos de plantas. Muitas plantas! Afinal, elas são grandes aliadas para purificar, umidificar e filtrar o ar que respiramos.
Na dúvida sobre as melhores opções de plantas para o seu escritório? Fique atento que o próximo artigo do blog vai trazer uma seleção incrível com as espécies que mais se adaptam a ambientes internos. Serão dicas valiosas para valorizar ainda mais a sua empresa e, de quebra, ajudar a afastar o tão temido fantasma da Síndrome do Edifício Doente.
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