Árvores exóticas: um perigo global! 1605

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Pode ser que você nunca tenha lido ou ouvido falar sobre a Lei da Semeadura e da Colheita, mas, com certeza, já se deparou em algum momento da vida com a velha e famosa frase “quem planta, colhe”. O termo, muito utilizado para constantemente nos lembrar de que devemos sempre fazer as melhores escolhas no nosso dia a dia para que, em um futuro próximo, tiremos dos nossos atos o melhor proveito, se aplica também a um gesto de extrema importância para a sobrevivência do planeta: plantar árvores!

Se você não for um paisagista, engenheiro florestal ou outro profissional do setor, muito provavelmente nunca se questionou se a planta ou muda de árvore que ganhou de um amigo ou familiar é nativa ou exótica. Mas saiba que antes de sair por aí plantando o presente, saber a procedência e se informar sobre a espécie é fundamental para o equilíbrio do meio ambiente em que vive. O mesmo cuidado vale para aquele vaso lindo que, de tão irresistível, foi comprado na floricultura do bairro, no centro de exposição ou loja de jardinagem.

Mas, afinal, por que ao plantar uma árvore, saber se ela é nativa ou exótica, e, principalmente, se é uma espécie invasora, é tão importante? Para ficar bastante clara a relevância do assunto, vamos primeiro entender essas três nomenclaturas:

Árvores nativas

Árvore nativa, silvestre ou autóctone é a que pertence naturalmente a um determinado bioma, ecossistema ou região. É normalmente – e não necessariamente – endêmica de um país, ou seja, só existe naquela região do planeta.

Árvores exóticas

Árvore exótica ou introduzida é a espécie que vive fora da sua área de distribuição nativa e que foi acidental ou intencionalmente introduzida em um meio diferente da sua origem, podendo ou não ser prejudicial para o ecossistema em que foi inserida.

Árvore invasoras

Árvore invasora é a espécie exótica que, oriunda de certa região, penetra e se aclimata em outra região onde não era encontrada antigamente, de forma a se proliferar sem controle. Produz, por conseguinte, alterações relevantes na composição, estrutura e processos do ecossistema em que foi introduzida, colocando em perigo a diversidade biológica nativa.

Para facilitar ainda mais a sua compreensão, vamos aos seguintes exemplos: o flamboyant é uma árvore nativa de Madagascar, porém, no Brasil – onde foi introduzida –, é considerada exótica. O ficus é espécie nativa da Ásia, sendo, pois, espécie exótica no Brasil. Uma espécie pode ser nativa do Brasil, porém endêmica da Bahia, como é o caso da piaçava, o que significa dizer que, em São Paulo ou no Rio de Janeiro, esta espécie é considerada exótica.

Agora voltemos ao ponto principal. Em virtude da imensa capacidade que têm de transformar a estrutura e a composição dos biomas nos quais são inseridas, chegando muitas vezes a destruir as características peculiares que a biodiversidade local apresentava antes da sua chegada e, até mesmo, a provocar a extinção de espécies nativas – de forma direta ou pela competição por recursos naturais –, as árvores exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa mundial de perda de biodiversidade, ficando apenas atrás das ações de desmatamento.

E o que é ainda mais alarmante: representam um dos maiores desafios ambientais que o mundo enfrenta atualmente, embora esse fato ainda seja pouco conhecido para o público em geral. Isso porque algumas espécies invasoras são muito adaptáveis e se tornam facilmente dominantes, o que está acelerando em ritmo crescente a deterioração da biodiversidade global – que, ao empobrecer, perde em recursos.

Assim, não só a natureza perde com esse ciclo de degradação. As invasões das espécies exóticas também acarretam prejuízos à saúde humana e à economia. Danificam colheitas, arrasam solos e pastagens e favorecem a disseminação de pragas e doenças. E, ao perturbar os ciclos físicos, químicos, biológicos e climáticos, acabam por afetar todos os serviços ambientais oferecidos pela natureza, que são fundamentais à existência da vida humana.

Tendo em vista a projeção de que as invasões se multipliquem no futuro e, com elas, seus impactos indesejáveis, muito há que se fazer para combater esse movimento. Ações de prevenção, erradicação, controle e monitoramento são fundamentais e exigem o envolvimento e a prática de esforços não só dos órgãos governamentais (federal, estadual e municipal), mas de organizações não-governamentais e da sociedade como um todo.

Agora que você sabe os malefícios que as árvores exóticas acarretam, nunca se esqueça dessa valiosa dica: valorize – e plante – árvores nativas! Até mesmo porque o Brasil é o país com a flora mais rica do planeta e possui diversidades lindas!

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