O que Campinas tem a oferecer à COP21? 383

Quando fui convidado para ir à Embaixada do Brasil em Paris, na França, para participar do lançamento internacional do Protocolo Climático Paulista realizado no início de dezembro em paralelo com a Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP21), foi o primeiro sinal de que todo o empenho para conciliar medidas de preservação e recuperação do meio ambiente com inovação e tecnologia é um caminho promissor.

Articulado pelo Governo do Estado de São Paulo, o Protocolo é uma iniciativa de adesão voluntária de empresas que adotam medidas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e que promovem ações de adaptação às mudanças climáticas. Grandes companhias são signatárias do documento por estarem empenhadas em contribuir com esse propósito e, por isso, me senti muito honrado ao poder representar Campinas em causa tão nobre – em razão do aplicativo maisver.de desenvolvido pela Anubz Innovative Solutions, startup da qual sou fundador.

Muitas pessoas não sabem, mas há cerca de dois anos o município realiza um trabalho inédito no País com o auxílio da ferramenta, que possibilita identificar digitalmente as árvores que são plantadas em projetos de compensação ambiental, melhorando, assim, a fiscalização e o controle de todo o processo. A iniciativa pioneira tem permitido à Campinas fortalecer não só o status de cidade que fomenta cada vez mais a criação de tecnologias e soluções, mas também de ‘cidade verde’.

Ágil e prático de ser alimentado, o sistema utiliza uma tag em plástico de alta resistência gravada com um código identificador (QR Code), que é acoplada em cada muda plantada.  Abastecido de informações como espécie, data do plantio, geolocalização, cuidados com desenvolvimento etc., todos os dados lançados no QR Code são compartilhados com a Prefeitura em um sistema único e informatizado, como forma de prestação de contas. Com isso, o órgão municipal consegue ter um controle mais eficiente e seguro, garantindo que as medidas de compensação a eventuais danos ambientais sejam assegurados, especialmente os decorrentes de obras e novos empreendimentos.

Sabemos que o progresso é necessário e que as intervenções ao meio ambiente pelo homem são inevitáveis. Mas precisamos garantir que as mitigações desses impactos sejam verdadeiras e corretas. Sem o sistema usado hoje por quase 40 empresas na cidade – entre elas grandes companhias e multinacionais –, como seria possível monitorar o que de fato é feito e executado pelas empresas como compensação ambiental?

A legislação municipal de Campinas há anos exige que esse controle e prestação de contas sejam feitas de forma informatizada, o que não era possível justamente pela falta de uma ferramenta eficiente que pudesse desempenhar essa função. Além do descumprimento da lei, o processo todo de controle dessas ações era feito de forma manual.

Quando decidi criar o aplicativo maisver.de, foi com o propósito de estar alinhado às necessidades mais emergenciais do planeta. A COP21 trouxe isso à tona: o acordo assinado no último dia 11 estabelece o teto de até 2ºC de aquecimento global, cuja medida mais visível é a redução da emissão de carbono, uma responsabilidade inerente também ao Brasil. E, uma das saídas mais imediatas para reduzir a emissão de CO2 é a redução significativa do desmatamento e, consequentemente, a recomposição de árvores.

É fato que esse caminho projetado em um acordo inédito não será fácil. Demandará de muito empenho e vai exigir que os olhos do mundo estejam atentos a esses resultados. Mas, de certa forma, podemos dizer que aqui, em Campinas, já foi dado passo importante para que as metas estabelecidas na COP21 estejam um pouco mais próximas.

E mais: no lançamento do Protocolo, quando apresentei para autoridades nacionais e internacionais a experiência em solo campineiro, a ideia foi recebida de forma muito positiva por ambientalistas, representantes de órgãos públicos e empresas das mais variadas nacionalidades. Campinas foi colocada em evidência, e de forma muito exemplar. Tanto que o Governo do Estado de São Paulo já iniciou diálogo conosco para levar esse mesmo projeto para dentro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e tentar expandi-lo para as cidades paulistas. Afinal, respeitar a natureza colocando em prática políticas eficazes de preservação é vital para dar ao planeta melhores chances!

*Rodolfo Ramos é CEO da Anubz Innovative Solutions.

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